Como Prevenir o Agravamento do Pectus em Crianças

Médico examinando criança para diagnóstico precoce de Pectus

Quando recebemos o diagnóstico de Pectus em uma criança, o mundo parece desacelerar por um instante. Surgem dúvidas, receios, e acima de tudo, a vontade desesperada de fazer o melhor. E a boa notícia é que, com os cuidados certos, é possível prevenir o agravamento do pectus e garantir que a infância seja repleta de brincadeiras, conquistas e crescimento saudável.

Prevenir o agravamento não é apenas uma missão médica — é um ato de amor e atenção contínua. E cada atitude correta pode transformar o futuro da criança de maneira surpreendente.

A importância do diagnóstico precoce

Detectar a condição nos primeiros anos de vida pode ser determinante para previnir o agravamento do pectus e cause impactos mais sérios na saúde e na autoestima da criança. Quanto mais cedo o quadro for identificado, maiores são as chances de intervenção eficaz, minimizando riscos futuros.

O diagnóstico precoce permite que a família e a equipe médica adotem medidas preventivas antes que a alteração no formato do tórax se torne mais acentuada. Isso inclui o acompanhamento de possíveis limitações respiratórias, cardíacas e até mesmo psicológicas, que podem surgir à medida que a criança cresce. O olhar atento dos pais e a avaliação ortopédica pediátrica periódica são aliados indispensáveis nessa fase.

Em muitos casos, sinais discretos como afundamento no peito ou proeminência das costelas podem passar despercebidos no início. É por isso que é tão importante conversar com um médico que tenha experiência em deformidades de tórax sempre que algo parecer fora do esperado. Não se trata de criar alarme, mas de promover uma vigilância gentil, capaz de garantir que a criança receba o suporte necessário no momento certo.

Investir no diagnóstico precoce é investir em qualidade de vida. Uma infância bem acompanhada hoje é sinônimo de um adulto saudável amanhã.

A importância do acompanhamento médico contínuo

Nenhum cuidado isolado substitui o valor de um acompanhamento médico contínuo. Ter uma equipe especializada acompanhando de perto cada fase do crescimento é essencial para ajustar as estratégias e intervir no momento certo.

À medida que a criança se desenvolve, o corpo passa por mudanças rápidas e intensas. Uma deformidade torácica que parecia discreta aos cinco anos pode ganhar proporções maiores na adolescência, especialmente em períodos de estirão do crescimento. Menos frequentemente, algumas podem piorar em crianças menores. Por isso, manter consultas regulares com especialistas é um dos principais pilares para prevenir o agravamento.

Durante essas consultas, são feitos exames físicos detalhados e, se necessário, exames de imagem como radiografias ou tomografias, para acompanhar o posicionamento das estruturas ósseas. Com essas informações em mãos, o médico pode propor desde ajustes nos exercícios até a indicação de órteses ou tratamentos mais específicos.

O acompanhamento contínuo é uma ponte segura entre a infância e a vida adulta saudável. Ele transforma o cuidado em rotina e a prevenção em um gesto de amor permanente.

A influência do suporte emocional

Quando falamos sobre o tratamento em crianças, é impossível ignorar a importância do suporte emocional no processo de cuidado. A condição não afeta apenas o corpo — ela também toca diretamente a autoestima, a percepção de pertencimento e até a formação da identidade da criança.

Muitos pequenos pacientes se sentem “diferentes” dos colegas, principalmente quando começam a perceber visualmente a deformidade no tórax. Sem o acolhimento adequado, esse sentimento pode crescer e impactar negativamente o desenvolvimento emocional, trazendo insegurança, timidez e até quadros de ansiedade ou retraimento social.

O suporte emocional deve começar dentro de casa, com conversas abertas, demonstrações de amor incondicional e incentivo à autoestima. Além disso, caso necessário, especialmente em deformidades mais severas,  contar com psicólogos ou terapeutas especializados pode ser uma estratégia valiosa para ajudar a criança a lidar com os sentimentos de forma saudável e construtiva.

Cuidar da mente é tão importante quanto cuidar do corpo. Quando a criança se sente segura, amada e compreendida, ela enfrenta o tratamento com mais força, coragem e esperança. Muitas crianças e adolescentes que tem pectus ou que usam órtese para tratamento mantem uma autoestima elevada e sabem lidar bem com a deformidade e tratamento.

O papel da órtese torácica

Em alguns casos, apenas o fortalecimento muscular e a fisioterapia não são suficientes para prevenir o agravamento do pectus. É aí que entra um recurso fundamental: a utilização da órtese torácica, também chamada de compressor dinâmico de tórax (CDT), que foi inventado pelo Dr Sydney Haje, e foi aprimorado pelo Prof. Dr Davi Haje, que inventou sua versão ajustável, chamado de CDTA.

A órtese funciona aplicando uma pressão contínua e controlada sobre a região do tórax, estimulando o reposicionamento e remodelamento das estruturas ósseas durante o crescimento. Para crianças e adolescentes, essa intervenção pode ser extremamente eficaz, especialmente quando iniciada nas fases iniciais da formação óssea. É como moldar uma estrutura que ainda está em processo de construção — quanto mais cedo, melhor. Também é possível tratar alguns casos em adultos, mas a adaptação e os resultados são sabidamente piores que em crianças e adolescentes.

É essencial que a adaptação da órtese seja feita sob supervisão médica rigorosa, com ajustes periódicos para garantir conforto, eficácia e adesão ao tratamento. O uso incorreto ou sem acompanhamento pode não apenas reduzir os resultados, mas também causar desconfortos desnecessários.  Órteses inadequadas podem gerar trauma desnecessário e dificultar um tratamento adequado futuro.

A órtese não é uma prisão, mas uma ferramenta de liberdade. Ela permite que a criança viva seu crescimento com mais segurança e autoestima, sabendo que cada passo é dado na direção certa. Quando a criança ou adolescente é preparado psicologicamente, em especial com pais que dão apoio emocional e estimulam o tratamento, tudo pode fluir de forma muito tranquila.  Importante no processo ambos os pais concordarem com a conduta médica e falarem a mesma linguagem.

Criança com postura saudável brincando ao ar livre
Postura correta e movimento são aliados essenciais na prevenção do agravamento do Pectus. (Foto: Canva)

O impacto da postura

Muitas vezes subestimada, a postura corporal desempenha um papel crucial na evolução do Pectus em crianças. Uma postura inadequada, principalmente aquela marcada pela projeção dos ombros para frente e pela curvatura acentuada da coluna torácica, pode acelerar e agravar as alterações no formato do peito.

Manter a coluna alinhada, os ombros abertos e o abdômen fortalecido ajuda a distribuir melhor as pressões internas sobre o tórax. Esse equilíbrio postural contribui não apenas para a estética corporal, mas também para evitar dores futuras e deformidades associadas na coluna vertebral. Eventualmente caos com uma corcunda muito intensa (hipercifose postural) podem ajudar no agravamento em casos de pectus excavatum (peito com depressão ou peito escavado).

É fundamental ensinar, de maneira lúdica e positiva, a importância da postura correta desde cedo. Pequenos gestos diários, como sentar-se corretamente para estudar ou manter a cabeça alinhada ao caminhar, fazem toda a diferença no longo prazo. Exercícios de fortalecimento da musculatura postural, orientados por profissionais, também são grandes aliados nesse processo. A natação sempre é um bom exercício. A depender, Dr Davi Haje, prescreve associadamente exercícios a serem realizados por fisioterapeutas.

A postura é, silenciosamente, uma grande construtora da saúde física. E ela pode ser a diferença entre um desenvolvimento saudável ou a necessidade de intervenções mais complexas no futuro.

Fatores genéticos e o risco de agravamento

Embora hábitos saudáveis e acompanhamento especializado sejam fundamentais, é importante reconhecer que existe uma forte ligação genética. Muitos casos surgem em crianças cujos pais, avós ou outros familiares também apresentaram algum tipo de alteração na parede torácica.

Quando há um histórico familiar, a atenção precisa ser ainda maior. Isso porque, nesses casos, a estrutura óssea da criança já carrega uma predisposição natural ao desenvolvimento de deformidades, como o Pectus Excavatum (afundamento) ou o Pectus Carinatum (proeminência). Nesses cenários, o risco de agravamento ao longo do crescimento é significativamente elevado. Famílias com mais deformidades em coluna, também tem mais pectus.

Entender essa predisposição genética não é motivo para preocupação exagerada, mas sim para vigilância ativa e estratégias preventivas mais assertivas. Diagnóstico precoce, fortalecimento da musculatura torácica, controle postural e monitoramento médico regular tornam-se ainda mais indispensáveis.

A genética pode até desenhar o mapa, mas são as escolhas e cuidados diários que determinam o caminho percorrido.

Atitudes diárias que fazem a diferença na prevenção

Pequenas atitudes incorporadas no dia a dia podem gerar um impacto enorme na prevenção do agravamento da deformidade e na qualidade de vida da criança.

Estimular a prática regular de exercícios específicos, reforçar a importância da postura correta em atividades simples (como estudar ou brincar) e manter um diálogo aberto sobre sentimentos e emoções são gestos que constroem bases sólidas para um desenvolvimento mais saudável. Além disso, respeitar as consultas médicas e seguir fielmente as orientações de fisioterapeutas e especialistas fecha o ciclo de cuidado que faz toda a diferença.

Outro ponto essencial é criar uma rotina que celebre conquistas, por menores que pareçam. Cada melhora postural, cada avanço no fortalecimento muscular, cada consulta de acompanhamento deve ser reconhecida como um grande passo.

A prevenção não acontece em momentos isolados, mas na constância do cuidado diário. E é nessa constância que os maiores milagres da infância acontecem: o fortalecimento da saúde e da autoconfiança.

Conclusão

Prevenir o agravamento dessa condição em crianças é uma missão que vai muito além de técnicas médicas. É um compromisso integral, que envolve o corpo, a mente e o coração. Com diagnóstico precoce, acompanhamento especializado, fortalecimento físico, suporte emocional e atitudes diárias consistentes, é possível oferecer à criança não apenas uma melhor qualidade de vida, mas também a certeza de que ela pode sonhar sem limites.

Se você está em busca de orientação especializada para garantir o melhor para seu pequeno, não hesite em buscar apoio profissional qualificado. Cada cuidado dedicado hoje é um presente precioso para o amanhã.

Quer saber como cuidar da saúde torácica do seu filho de maneira segura e eficaz? Entre em contato com o Centro Clínico Orthopectus, referência nacional e internacional no tratamento e prevenção do Pectus.
Agende uma avaliação e dê o primeiro passo para um futuro mais saudável e confiante!

dr davi haje
Doutor em Ortopedia at  | Website |  + posts

Doutor em Ortopedia pela USP. Especialista em Deformidades do Tórax e Coluna, Ortopedia Pediátrica e Cirurgia do Pé e Tornozelo de Adultos e Crianças | CRM-DF 11077

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