01 – Pectus é uma doença
Falso. O termo pectus é internacionalmente usado para designar as deformidades da parte da frente do tórax, deformidades estas popularmente conhecidas como “peito de pombo” (pectus carinatum) e “peito de sapateiro” (pectus excavatum). Elas são bastante frequentes, mas permanecem escondidas da sociedade porque seus portadores têm vergonha do aspecto de seu tórax, evitando roupas e atividades que deixem o problema perceptível.
Em 1990/91 um experimento conduzido por Haje e colaboradores resultou, pela primeira vez na história da medicina (vide artigo), em deformidades pectus em animais, sugerindo um crescimento desproporcional entre o esterno (osso da frente do tórax) e os arcos costais (cartilagens costais e costelas) como causa dessas deformidades.
Clinicamente, cerca de 7000 pacientes já foram observados por Haje de 1977 a 2018. Como as deformidades pectus são variadas e muitas vezes esteticamente diferentes entre si, mas com uma causa comum – a desproporção no crescimento dos ossos e cartilagens da parede torácica anterior (veja artigo) – elas podem ser consideradas uma síndrome*. Características comuns estão frequentemente presentes em sua patogênese: hereditariedade, desvios na coluna vertebral como escolioses e/ou cifoses torácicas exacerbadas e, principalmente, um perfil psicológico comum, que se agrava quando o jovem entra na adolescência e a deformidade piora naturalmente pelo crescimento do indivíduo e agravamento da desproporção entre os ossos e cartilagens do tórax. O efeito psicológico negativo sobre a pessoa portadora é muitas vezes devastador e este impacto nem sempre é relacionado com a severidade da deformidade. Sentimentos de frustação tendem a aumentar quando jovens pacientes e seus pais recebem sugestão de aceitar o problema ou apenas tentar uma solução cirúrgica.
* Síndrome não é doença, é uma condição médica. Síndrome é o grupo ou agregado de sinais e sintomas associados a uma mesma patologia e que, em seu conjunto, definem o diagnóstico e o quadro clínico de uma condição médica.
02- Só se resolve Pectus com cirurgia.
Por outro lado, desde 1979 Haje e colaboradores tem publicado vários trabalhos em revistas médicas no Brasil e no exterior mostrando bons resultados com a utilização de uma órtese denominada Compressor Dinâmico de Tórax (CDT). Existem duas variações da órtese: O CDT 1, que é normalmente utilizado para o pectus carinatum, e o CDT 2, por nós criado em 1988 para o pectus excavatum. Tipos mistos de pectus (vide próxima questão) podem requerer a utilização simultânea de um CDT 1 e de um CDT 2. Associamos ao uso simultâneo da(s) órtese(s) a prática de exercícios contra-resistência ou contra-gravidade e que promovam um aumento da pressão intratorácica. Denominamos este método de método Dinâmico de Remodelação do tórax (método DR) e o mesmo é baseado na lei da remodelação óssea descrita na resposta da questão 1. Essa abordagem é, portanto, exclusivamente NÃO-CIRÚRGICA! É uma abordagem CONSERVADORA de longo prazo, pelo uso de órteses (aparelhos ortopédicos) e exercícios. É um método que, de uma maneira natural, segura e fisiológica, pode levar a bons ou ótimos resultados em um, dois ou mais anos – dependendo de como o paciente siga instruções apropriadas ao mesmo.
03- Musculação corrige a Pectus.